Ter a ciência como aliada da produção orgânica e regenerativa renova a nossa confiança no futuro. E cada vez mais temos visto um estreitamento nessa relação, o que abre o horizonte para um sistema alimentar mais saudável para o planeta e as pessoas.
Como um dos grandes trunfos da humanidade e de seu desenvolvimento, a produção científica representa a alavanca de um novo salto tecnológico e de melhoria de processos em nosso segmento, permitindo que os alimentos orgânicos atinjam patamares cada vez mais altos de produtividade e sustentabilidade.
Em um dia conosco na Fazenda da Toca, Paul Hawken, um dos maiores estudiosos das mudanças climáticas do mundo, nos disse uma frase certeira: “o nosso modelo de desenvolvimento é degenerativo, ou seja, quanto mais consumimos e produzimos, mais degradação causamos. Precisamos de um modelo regenerativo de produção e consumo.”
E, na Fazenda da Toca e na Rizoma Agro (nossa empresa irmã, também fundada por Pedro Paulo Diniz), temos um papel a cumprir no sentido de estabelecer um novo paradigma produtivo, em harmonia com o planeta e a natureza. Por isso, é com imensa satisfação que anunciamos essa parceria com a pesquisadora brasileira Michelle Savian, da Universidade de Dublin (University College Dublin ou UCD) e a BiOrbic (Centro de Estudos em Bioeconomia da Irlanda) para o projeto de Análise de Ciclo de Vida (ACV) de ovos e grãos orgânicos.
Essa denominação deriva do conceito de que todo e qualquer produto tem uma “vida”, que começa com seu design, segue para etapa da obtenção de recursos, caminha para a fase da produção propriamente dita, toma uma forma para o consumo e depois termina seu ciclo, sendo descartado, reciclado ou reutilizado. E, ao longo dessa “vida”, acaba por produzir alguns impactos ao consumir recursos naturais, emitir substâncias no ambiente (solo águe e ar), ou provocar mudanças no meio natural, como perda da biodiversidade de uma área, por exemplo.
A ACV é uma das metodologias mais sofisticadas e aprofundadas para se medir os potenciais impactos ambientais ou à saúde humana associada a um produto ou serviço. Essa análise leva em consideração fatores como poluentes, contaminantes, rejeitos de produção, energia consumida, gases de efeito estufa emitidos, utilização de água e recursos naturais renováveis e não renováveis.
Essa análise, portanto, provê informações valiosas para formar um diagnóstico profundo sobre toda a cadeia de produção de um produto e traçar uma estratégia efetiva para otimizar processos, reduzir a utilização de insumos (incluindo água e energia) e, desta forma, minimizar impactos ao meio ambiente.
“Nosso objetivo primordial é mensurar o real impacto de nossa produção de ovos orgânicos para uma tomada de ação efetiva no sentido de aprimorar nossos processos e garantir uma produção cada vez mais sustentável e harmônica com o meio ambiente”, afirma Paulo de Araujo, gestor da área de Sustentabilidade da Fazenda da Toca.
Do lado da Rizoma Agro, o objeto do estudo é a produção de grãos regenerativos orgânicos, especialmente o milho.
“Juntar as forças e a qualidade de uma empresa agrícola que opera em larga escala com todo o conhecimento e know-how do que a academia tem a oferecer gera uma sinergia que potencializa os resultados com mais rapidez e robustez. É muito positivo para nós unir essas duas forças e virtudes”, diz Ana Clara Rocha, da área de Pesquisa & Desenvolvimento da Rizoma Agro.
Ana Clara Rocha, líder da área de P&D da Rizoma Agro
Nessa empreitada, temos a honra de ter ao nosso lado Michelle Savian, doutoranda pela UCD, uma das instituições de pesquisa mais renomadas da Europa. Formada em geologia pela Universidade Federal do Paraná, acumulou ampla experiência profissional no campo ao se especializar em análise do solo, rocha, dados geotécnicos e riscos geológicos. Em sua trajetória acadêmica, Michelle enveredou para o estudo de Sistemas de Gestão Ambiental ainda aqui no Brasil, seguido por um mestrado na área de Tecnologias Ambientais e seu doutorado na Irlanda. Seu projeto de Análise de Ciclo de Vida na Fazenda da Toca e na Rizoma Agro foi aprovado pela instituição e iniciado em julho deste ano.
Michelle Savian, doutoranda pela UCD, da Irlanda
“Este estudo visa trazer um entendimento mais abrangente sobre a performance ambiental dos sistemas de produção orgânico e regenerativos, especificamente milho e ovos, bem como auxiliar a identificar possibilidades de aperfeiçoamento dos sistemas e investigar que inovações e tecnologias estão disponíveis para melhorar a eficiência ambiental deste modelo de agricultura em direção à sustentabilidade do planeta”, explica Michelle.
Com previsão de conclusão em nove meses, a Análise de Ciclo de Vida trará respostas detalhadas sobre os impactos da produção de ovos orgânicos da Fazenda da Toca e da produção de grãos orgânicos da Rizoma Agro, empresa-irmã da Toca também fundada por Pedro Paulo Diniz.
Antes de concluir este texto, gostaríamos de expressar os nossos agradecimentos à Michelle, à UCD e à BiOrbic. E também manifestar a nossa gratidão ao governo irlandês, através de sua fundação de fomento à pesquisa científica – Science Foundationa Ireland (SFI), que financiou integralmente esse projeto de pesquisa tão valioso para o Brasil e para o setor de orgânicos em todo o mundo.
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