
Uma ótima forma de começar algo novo é voltar às origens! Essa é a chave de um dos principais projetos de inovação avícola na Fazenda da Toca: os piquetes agroflorestais para as nossas galinhas.
O estudo aprofundado dos comportamentos das aves, seus hábitos alimentares, como elas ciscam e como funciona seu organismo é uma das nossas prioridades. É essa compreensão que nos permitirá oferecer a elas o ambiente mais adequado para que possam viver e produzir com a melhor qualidade de vida.
Esse é o objetivo do nosso projeto de recriação do habitat natural das galinhas em nossos aviários. Hoje, o capim é a principal vegetação dos piquetes, as áreas externas onde elas passam o dia passeando e ciscando. Mas agora eles serão todos enriquecidos com outras espécies forrageiras e arbóreas para proporcionar mais sombra e biodiversidade.
Afinal, quando estudamos a ancestralidade das galinhas, vemos que elas são espécies de bosque e não de savana ou pastagens. Gostam de circular na sombra, em ambientes frescos e com cobertura vegetal diversa. Na nossa última newsletter, publicamos um texto sobre as galinhas selvagens, confira aqui!
Se elas gostam de selva e bosques, queremos replicar aqui na Fazenda um espaço com características semelhantes, como explica Everton Lemos, zootecnista da Fazenda da Toca. “A premissa desse trabalho considera benefícios em termos de bem-estar animal, como sanidade e ambiência, além de alternativas alimentares. E vimos uma oportunidade de trazer os princípios da agrofloresta para a avicultura”, diz.
Na Fazenda da Toca, os piquetes são dimensionado para garantir a cada galinha um espaço de um metro quadrado, conforme a normativa orgânica. Esse espaço, hoje ocupado basicamente por capim, terá também feijão-guandu (uma leguminosa que fixa nitrogênio no solo, ajudando na regeneração da área, além de fazer sombra e servir de alimentação complementar) e, junto aos cercados, porém do lado de fora, margaridão e gliricídia, que cumprem o papel de quebra-vento e enriquecem a biodiversidade. No caso do margaridão, há a vantagem extra de atrair insetos polinizadores para a área.
No aspecto de bem-estar animal, essa ambiência estimulará as aves a explorarem melhor as áreas externas, uma vez que elas preferem passear na sombra. Atualmente, com os piquetes mais expostos ao sol, elas se resguardam nos galpões, aproveitando menos o lado de fora, como explica Everton.
Em relação à sanidade, uma cobertura mais densa e diversa favorece a descompactação do solo e infiltração da água, evitando a formação de poças, que são foco de verminoses durante a época de chuva, pois os ovos larvados dos parasitas ficam mais disponíveis na água.
E há também uma possibilidade de complementar a alimentação das galinhas, diminuindo assim a dependência da ração, o principal custo de produção. Embora elas pastejem, as aves não são ruminantes e, portanto, não aproveitam de forma eficiente os nutrientes das forrageiras, como o capim. Mas com uma alimentação vegetal mais rica em proteína e menos fibrosa, como o feijão-guandu, o aproveitamento nutricional tende a ser melhor.
E assim, compreendendendo e respeitando a sua natureza, proporcionamos às nossas galinhas um ambiente mais harmônico e sadio, garantindo a elas melhor qualidade de vida e condições para expressarem seus comportamentos naturais.