Os primeiros frutos dos nossos sistemas agroflorestais em larga escala

Neste ano, as nossas agroflorestas já começaram a dar seus primeiros frutos. Os limoeiros da variedade tahiti, o foco principal dos sistemas agroflorestais (SAFs) da Fazenda da Toca, estão no início da frutificação, e a primeira colheita acontece já neste mês de março de 2019.

Esse é um estágio importante porque marca o começo da fase de produção comercial –e não apenas experimental— no modelo de agricultura regenerativa que desenhamos aqui.

Antes de prosseguir, esse é um termo que vale conceituar melhor: a agricultura regenerativa tem como premissa produzir alimentos altamente saudáveis, de forma eficiente, e ao mesmo tempo regenerar o solo e a biodiversidade. Ou seja, é um modelo agrícola benéfico para o meio ambiente, com uma atitude ecologicamente consciente, que promove o bem-estar animal e a responsabilidade social, tudo combinado com a viabilidade econômica.

Esse conceito ganha cada vez mais adeptos e está puxando um movimento mundial em favor de uma transformação das práticas no campo. Em janeiro deste ano, uma marcha de 35 mil pessoas tomou as ruas de Berlim em defesa de uma nova agricultura capaz de endereçar questões como as mudanças climática e a extinção de espécies. Leia neste link uma reportagem em inglês sobre essa manifestação na capital alemã.

E, aqui no Brasil, a nossa experiência com agroflorestas, que se iniciou em 2012, já mostra que produzir em harmonia com a natureza traz resultados surpreendentes.

A frase abaixo, de Pedro Paulo Diniz, sócio-fundador da Fazenda da Toca e da Rizoma, criada no ano passado para investir em agricultura regenerativa, resume bem a essência de nosso trabalho:

“Quando tratamos a natureza como uma aliada e, em vez de tentar dominá-la, trabalhamos junto com ela aproveitando todo o potencial que nos oferece, percebemos que é possível quebrar um paradigma na agricultura e adotar uma atitude que ao produzir regenere o planeta. Isso é algo completamente transformador e que estamos convencidos de que dá certo”, afirma.

O manejo agrícola baseado na inteligência e na dinâmica da natureza é a chave dessa nova agricultura que estamos desenvolvendo na Rizoma e na Toca. E esses primeiros frutos que os nossos sistemas agroflorestais estão produzindo sinalizam que estamos no caminho certo, com importantes ganhos ambientais e econômicos.

Conheça nosso SAF Citros

Os sistemas agroflorestais (SAFs) que desenvolvemos na Toca têm foco em citricultura, sendo que o limão tahiti é a espécie comercial principal. A estimativa de colheita é entre 25 e 30 toneladas por hectare, podendo ultrapassar a produtividade do sistema orgânico monocultural que tínhamos anteriormente: 26 toneladas por hectare.

Nesse terceiro ano dos limoeiros, os primeiros frutos já serão colhidos para venda local, mas essa ainda é uma safra inicial. O volume de produção maior virá nos próximos anos, quando a planta atingir seu máximo potencial produtivo.

“O que mais nos chama a atenção é a sanidade e a resiliência dos limoeiros nos nossos sistemas agroflorestais. Estamos situados em uma região que é o cinturão do greening [uma das mais agressivas pragas da citricultura] e nosso monitoramento mostra que aqui na Toca não temos a presença do psilídeo, inseto vetor do greening. A saúde das plantas em nossos SAFs é um dos pontos de maior destaque”, afirma Ana Clara Rocha, coordenadora de qualidade agrícola da Rizoma.

Aqui, além do limão tahiti, temos várias espécies que criam um ambiente biodiverso: árvores para poda, como Ingá, Eritrina e Eucalipto, que têm a função de prover matéria orgânica para o solo; madeiráveis, como Cedro, Mogno e Ipê Felpudo, que produzem madeira de alta qualidade; culturas anuais, como Mandioca e Inhame; e bananeiras, que ocupam as bordas e servem como quebra-vento e abrigo de inimigos naturais.

Os SAFs são baseados em um conjunto de princípios e técnicas de plantio que mimetizam o ambiente de uma floresta e diversificam a produção agrícola. Neles, as espécies florestais são plantadas em consórcio com culturas agrícolas. Periodicamente,  árvores como Eucalipto, Eritrina e Gliricídia (chamadas de ‘espécies de serviço’ porque geram alto volume de biomassa, prestando ‘o serviço’ de nutrir o solo) são podadas e as podas permanecem dentro do sistema em forma de matéria orgânica para a cobertura superficial do solo.

Essa biomassa gera inúmeros benefícios, pois evita a erosão, retém a umidade no local, alimenta o solo e favorece o desenvolvimento de micro-organismos benéficos.

Dessa forma, cria-se um ambiente autossuficiente, diminuindo a necessidade de insumos externos e, consequentemente, reduzindo os custos de produção.

A metamorfose do solo

Costumamos dizer que no manejo agroflorestal nós criamos solo. Essa foto acima é bem ilustrativa porque foi tirada em uma área onde anos atrás havia um canavial extensivo que deixou a terra esgotada e improdutiva.

Em alguns anos, apenas otimizando os ciclos naturais, houve uma completa transformação de um solo árido, pobre em nutrientes, para uma terra rica, grumosa e cheia de vida.

Um dos indicadores importantes que usamos aqui é o teor de matéria orgânica no solo. Quanto mais matéria orgânica, mais água é possível reter e menos adubação é necessária nos plantios.

A medição dessa área mostrou que o nível de matéria orgânica saltou de 1,2% para 4,2% em apenas alguns anos, favorecendo imensamente as novas plantações.

Venha conhecer de perto

Compartilhar conhecimento e aprendizados é uma das nossas missões aqui na Fazenda. Por isso, promovemos visitas regulares na Fazenda para mostrar in loco o resultado do nosso trabalho em agroflorestas e agricultura regenerativa.

Se você gostou do tema desse texto e tem interesse em se aprofundar nesse universo fascinante dos sistemas agroflorestais, junte-se a nós no próximo dia de visitas. Basta acessar o nosso site. Você será muito bem-vind@!

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