Por dentro da caverna que dá nome à Fazenda da Toca
A Fazenda da Toca foi batizada assim por causa dessa caverna. Essa á a nossa Toca, a famosa gruta que dá nome à Fazenda.
Em meio à Área de Preservação Permanente (APP), é um lugar de natureza selvagem, densa, exuberante, profunda, abundante, cercado por mata nativa. É a floresta em estado puro! É em nome dessa preciosidade natural que tanto respeitamos e amamos que a Fazenda da Toca é chamada assim.
Para chegar nela, é preciso percorrer uns 3 km de trilha mata adentro, que vai se adensando, tornando-se mais fechada, escura e úmida ao som do murmúrio das águas, canto de pássaros e cigarras. Cada passo vale a pena porque o caminho é lindo e o destino mais ainda.
Lá nos deparamos com uma das maiores cavernas em arenito do Estado de São Paulo, formada por movimentos geológicos e um ribeirão que, por milhares de anos, esculpiram as suas cavidades.
Quem nos ajuda a decifrar alguns de seus enigmas é a bióloga Maria Elina Bichuette, professora da disciplina de Ecologia de Cavernas do programa de pós-graduação da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos). Lina, como é chamada, já conhece a nossa gruta de longa data, tendo realizado diversas expedições em seu interior. Ela produziu um detalhado relatório científico sobre as suas características, sua botânica e sua fauna.
Autores do Mapa: William Sallun e Nilson Bernardi Ferreira
Esse é o mapa da nossa Toca, que avança por 371 metros e é dividida por diversas galerias. “É uma caverna muito especial porque tem a paisagem de um rio, que rebaixou, abriu seu caminho e fez esse desenho. É um ecossistema muito didático e relevante para a produção científica”, afirma Lina em entrevista à Revista da Toca.
Imagine agora que estamos entrando juntos na caverna. Vamos tentar descrever esse percurso e o que você encontrará pelo caminho.
A boca da caverna lembra um portal, como no dos filmes de ficção científica que nos transportam para uma nova dimensão. E é mais ou menos isso mesmo porque a caverna parece nos levar a um mundo completamente desconhecido.
Nessa zona de entrada, a vegetação é abundante e há uma curiosidade. Nas paredes vemos algumas inscrições. Não são rupestres, mas algumas datam de muitas décadas atrás e são declarações de amor escritas nas rochas.
Geralmente os ambientes das cavernas são subdivididos em zona de entrada, zona de penumbra e zona afótica.
A primeira é a parte “rasa”, mais voltada para o meio externo e onde há bastante incidência de luz. É onde se situa a abertura ou “boca da caverna”. Aqui tudo é mais conhecido, vemos formigas e os invertebrados do solo mais comuns, sendo que as aranhas, no relatório conduzida por Lina, foram as espécies mais encontradas, ao lado de lacraias e insetos variados.
Seguindo um pouco mais adiante, alcançamos a zona de penumbra –como o nome diz, é uma área mais escura. Aí a vegetação começa a rarear e ainda encontramos insetos de muitas variedades, com ou sem asas. Onde começa a zona de penumbra começa a terminar também a nossa zona de conforto.
Ao chegar na zona afótica, ou a parte mais profunda da caverna, onde a escuridão é completa, começamos a nos deparar com um mundo bem diferente e intrigante. Para alcançar essa parte, já passamos por alguns túneis e corredores estreitos. A impressão é um pouco de sufocamento.
E aqui vemos criaturas bem típicas, como morcegos –muitos morcegos— e espécies isoladas.
As criaturas da caverna
Na zona afótica, podemos observar formas de vida muito peculiares. É o lugar que guarda uma biodiversidade intocada e nunca vista em outros ambientes. “A gruta da Toca tem um valor científico muito especial porque abriga muitas espécies endêmicas, ou seja, seres que só ocorrem nesse local”, diz Lina.
Nos salões mais profundos, vivem os troglóbios, animais que se especializaram para a vida dentro das cavernas.
Lina explica que as aranhas e seus parentes são muito comuns. Alguns com modificações relacionadas a este isolamento, geralmente com a regressão ou até perda de olhos e pigmentação. De forma geral, aqueles animais que possuem modalidades sensoriais acuradas para a percepção de cheiros e tato têm mais sucesso na colonização e sobrevivência em um ambiente permanentemente escuro. Estas modalidades sensoriais são fundamentais para encontrar seus parceiros para reprodução e alimento.
Sendo assim, aranhas, opiliões, peixes como bagres e cascudos têm os potenciais para aí viverem e deixar sua prole estabelecida com populações viáveis.
Nessa galeria de fotos, você pode ver alguns animais que Lina encontrou e fotografou na caverna da Toca:
Em relação aos microrganismos, os fungos e bactérias são fundamentais no processo de decomposição da matéria orgância. Sem eles, o alimento, que já é escasso nestes ambientes, não seria palátável para a maioria das espécies e a vida não existiria ali. A base da cadeia alimentar é detritívora (baseada em plantas e animais mortos) e os processos de decomposição dependem dos fungos.
Por enquanto, não podemos abrir a Gruta da Toca para visitação, mas se você tiver alguma dúvida ou quiser saber mais, pode nos perguntar pelo e-mail falecomagente@fazendadatoca.com.br ou pelas nossas redes sociais.
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