Vivemos em um mundo cada vez mais escasso e individualista. Escassez de recursos naturais, de alimentos, de água, de espécies de plantas e animais. Como disse Fritjof Capra em seu livro ‘Alfabetização Ecológica’ (Cultrix, 2006), “não é exagero dizer que a sobrevivência da humanidade vai depender da nossa capacidade, nas próximas décadas, de entender corretamente os princípios da ecologia e da vida”.
Já somos cerca de 7.5 bilhões de pessoas no planeta, consumindo os mesmos recursos básicos como água, energia, alimentos, vestuário, entre outros. Atualmente, precisamos de 1,5 planetas Terra para sustentar nossos hábitos de consumo. Se continuarmos assim, precisaremos de 2,5 planetas em 2050. A conta não fecha, certo?
Segundo Capra e Luisi, estimativas atuais sobre as taxas de extinção ocasionadas pelo desmatamento e por destruições de outros habitats indicam que a Terra está, hoje, no meio de uma sexta extinção em massa. Se antes essas extinções aconteciam por causas naturais, hoje sabemos quem é o responsável por essa situação: o homem.
Por isso, acreditamos que é preciso rever nossos hábitos, diminuir nossos impactos no planeta e conseguir viver em uma comunidade equilibrada e sustentável. Para isso, nada mais importante do que investir em Educação. Educar para criar cidadãos que saibam pensar em relações, conexões e contextos. Nosso desejo é favorecer o desenvolvimento de uma forma colaborativa para pensar o todo, que troque objetos por relações, que diminua a quantidade e aumente a qualidade, que deixe de lado a estrutura fragmentada para pensar em conexões, redes e interdependência.
Aqui na Escola Toca do Futuro encontramos um caminho: a Alfabetização Ecológica. Para quem não conhece, é um processo no qual adultos e crianças adquirem a capacidade de ler, descrever e interpretar o ambiente que os cercam e os princípios que os regem. Os adultos têm a oportunidade de se reconectar, de se recordar daquilo que já nasceram sabendo e as crianças têm a oportunidade de exercer sua totalidade, reconhecendo os aspectos ecológicos locais e, assim, encontrar soluções para construir uma comunidade de tal maneira que suas atividades (modos de vida, negócios, economia, estruturas físicas e tecnologia) não interfiram na capacidade inerente da natureza para sustentar a vida.
Nosso objetivo é trabalhar uma abordagem que contribua para o desenvolvimento do ser em sua integralidade, ou seja, indivíduos que saberão reconhecer, respeitar e valorizar todas as formas de vida, que irão gerar impactos positivos e contribuir, de forma espontânea e prazerosa, para reconstruir a biodiversidade que perdemos.
E como fazer isso? Observando e convivendo com a própria natureza. Já parou para pensar como os ecossistemas naturais – comunidades de plantas, animais e microrganismos – sustentam a vida no planeta de forma tão perfeita?
Assim, surgiu uma maneira de ensino e aprendizagem que não ensina ecologia e sustentabilidade dentro de uma disciplina isolada, mas sim que trabalha o tema no dia a dia da comunidade escolar, de forma experiencial, sistêmica e participativa. Mais do que ensinar um conteúdo específico, queremos construir uma nova forma de ver o mundo.
Aqui na Escola Toca do Futuro, professores e crianças aprendem o que é viver em uma comunidade sustentável, ajudando a construí-la, compreendê-la e mantê-la. Para isso, participam de cada etapa de construção da escola e de atividades que não distinguem viver de aprender.
Hortas orgânicas, agroflorestas, banheiros secos, compostagem, meliponário, galinheiro, descarte de resíduos são alguns dos inúmeros processos que trazemos diariamente para o nosso dia a dia escolar. O contato com esses sistemas faz com que possamos entender o ciclo natural de cada elemento da natureza e que nos possibilitam a aprendizagem de inúmeros fatores relacionados à saúde e ao meio ambiente.